Olá, alunos! Tudo bem com vocês? Espero que todos estejam bem!
ATIVIDADE 02 (2º BIM.): A MORENINHA
Orientações:
- Façam a atividade no caderno de Língua Portuguesa com letra legível;
- Poderão enviá-la por e-mail ou pela sala do Google Classroom (para isso, deverão anexar imagens nítidas), ou entregá-la na escola em folha separada, identificando-a com nome e série/ano.
- Entregar até dia 11 de junho.
Objetivos:
- Reconhecer o gênero textual romance;
- Ler o texto literário associando-o ao contexto de produção social e político.
O Sarau
(...)
E o mais é que nós estamos
num sarau. Inúmeros batéis conduziram da Corte para a ilha de... senhoras e
senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o
prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis
moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graça,
encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela
festa.
Hábil menina é ela! nunca
seu amor-próprio produziu com tanto estudo seu toucador e, contudo, dir-se-ia
que o gênio da simplicidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças
haviam esgotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda a
habilidade das modistas da Rua do Ouvidor e coberto seus colos com as mais
ricas e preciosas joias, D. Carolina dividiu seus cabelos em duas tranças, que
deixou cair pelas costas: não quis adornar o pescoço com seu adereço de
brilhantes, nem com seu lindo colar de esmeraldas; vestiu um finíssimo, mas
simples vestido de garça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser
sobejamente comprido. E vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas as vistas
e atenções.
Porém, se um atento
observador a estudasse, descobriria que ela adrede se mostrava assim, para
ostentar as longas e ondeadas madeixas negras, em belo contraste com a alvura
de seu vestido branco, para mostrar, todo nu, o elevado colo de alabastro, que
tanto a formoseia, e que seu pecado contra a moda reinante não era senão um
meio sutil de que se aproveitara para deixar ver o pezinho mais bem-feito e
mais pequeno que se pode imaginar.
Sobre ela estão
conversando agora mesmo Fabrício e Leopoldo. Terminam sem dúvida a sua prática.
Não importa; vamos ouvi-los.
- Está na verdade
encantadora!... repetiu pela quarta vez aquele.
- Danças com ela?
perguntou Leopoldo.
- Não, já estava engajada
para doze quadrilhas.
- Oh! lá vai ter com ela o
nosso Augusto. Vamos apreciá-lo.
Os dois estudantes
aproximaram-se de Augusto, que acabava de rogar à linda Moreninha a mercê da
terceira quadrilha.
- Leva de tábua, disse
Fabrício ao ouvido de Leopoldo... é a mesma que eu lhe havia pedido.
Mas a jovenzinha pensou um
momento antes de responder ao pretendente; olhou para Fabrício e com particular
mover de lábios pareceu mostrar-se descontente; depois riu-se e respondeu a
Augusto:
- Com muito prazer.
- Mas, minha senhora, disse Fabrício, vermelho
de despeito e aturdido com um beliscão que lhe dera Leopoldo; há cinco minutos
que já estava engajada até a duodécima.
- É verdade, tornou D. Carolina; e agora só
acabo de ratificar uma promessa: o Sr. Augusto poderá dizer se ontem pediu-me
ou não a terceira contradança?
- Juro... balbuciou
Augusto.
- Basta! acudiu Fabrício
interrompendo-o; é inútil qualquer juramento de homem, depois das palavras de
uma senhora.
Fabrício e Leopoldo
retiraram-se; D. Carolina, que tinha iludido o primeiro, vendo brilhar o prazer
na face de Augusto, e temendo que daquela ocorrência tirasse este alguma explicação
lisonjeira demais, quis aplicar um corretivo e, erguendo-se, tomou o braço de Augusto.
Aproveitando o passeio, disse:
- Agradeço-lhe a
condescendência com que ia tomar parte na minha mentira... foi necessário que
eu praticasse assim; quero antes dançar com qualquer, do que com aquele seu
amigo.
- Ofendeu-lhe, minha
senhora?
- Certo que não, mas...
diz-me coisas que não quero saber.
- Então... que diz ele?...
- Fala tantas vezes em
amor...
- Meu Deus! é um crime que
eu tenho estado bem perto de cometer!
- Pois bem, foi esta a
única razão.
- Mas eu temo perder a
minha contradança... alguns momentos mais e serei réu como Fabrício.
- A culpa será de seus
lábios.
- Antes dos seus olhos,
minha senhora.
- Cuidado, Sr. Augusto!
lembre-se da contradança!
- Pois será preciso dizer
que a detesto?...
- Basta não dizer que me
ama.
- É não dizer o que sinto,
eu... não sei mentir.
- Ainda há pouco ia jurar
falso...
- Nas palavras de um anjo
ou de uma...
- Acabe.
- Tentaçãozinha.
- Perdeu a terceira
contradança.
- Misericórdia! eu não
falei em amor!...
Neste momento a orquestra
assinalou o começo do sarau.
MACEDO. J.M. A Moreninha. São Paulo, FTD, 1991. Disponível
em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/ texto/bn000008.pdf. Acesso em:
19 nov. 2020.
- A obra de Joaquim Manuel de Macedo retrata o cotidiano de determinada classe social do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Caracterize o nível social em que ocorre a cena transcrita. Justifique sua resposta com passagens do texto.
- Que características da personagem de Carolina podem ser percebidas nesse texto?
- Identifique o foco narrativo do texto lido. Comprove com um trecho do texto.
- Os gêneros literários românticos apresentam características e peculiaridades que identificam toda uma geração, em especial aspectos relacionados à condição e comportamentos humanos. Retire do texto dois trechos que evidenciam comportamentos sociais característicos à época e explique quais são esses comportamentos.
- E, na atualidade, é comum presenciar comportamentos nos moldes que em se apresentam as personagens da narrativa? Justifique.
- A Moreninha, primeiro romance brasileiro publicado em 1844, foi o grande sucesso de Joaquim Manuel de Macedo. Sobre ele, responda:
b) O que esse público leitor buscava na literatura?
c) De que forma esses romances chegavam até seus leitores?
Bons estudos!
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