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terça-feira, 18 de agosto de 2020

A Condição Humana

 Segunda atividade: Ler e escrever uma reflexão com base no texto sobre a filósofa alemã Hanna Arendt. Prestem bastante atenção no contexto histórico vivido por essa grande pensadora, bem como, em sua pertinente análise sobre o conceito moderno de política apontado pela autora.


Filosofia Política

Por: Rafael Specian Gomes

Nos dois primeiros capítulos da obra de Hanna Arendt (1906-1975) intitulada A Condição Humana (1958), a filósofa estrutura uma pertinente análise política da modernidade, de forma contrapô-la com o sentido primeiro da política, i.e., aquela forma de governo desenvolvida na polis grega e que tinha como principio a identificação entre vita activa, política e liberdade, formando assim a condição ideal para que os cidadãos pudessem exercer sua vida política participando efetivamente dos assuntos de interesse coletivo - esfera pública - considerado como um “reino de liberdade e igualdade”. Com base nestes princípios Arendt  inicia uma reflexão que coloca em dúvida o sentido da política em seu tempo, ao observar a oposição entre o modelo político descrito com o modelo político experimentado - dos regimes totalitários - onde o privado no sentido do particular, individual, é assumido como um pressuposto normativo que expõe a completa ausência de identificação entre os indivíduos, caracterizando assim, a falta de unidade (igualdade) e também de liberdade uma vez que segundo Arendt viver dentro destes modelos de governo, significava estar privado de liberdades essenciais como, por exemplo, ser ouvido e visto por todos numa comunidade política.  

Esta realidade pouco animadora da condição humana coloca em questão qual seria a função primeira da política, pois, como vimos, se no início o objetivo da política era o de criar uma atmosfera de igualdade e liberdade entre os cidadãos, no segundo momento este sentido desvirtua-se para o caminho oposto, sendo perpetuado pelas ausências de tais estados e pela insistente individualização do corpo social. Segundo a filósofa neste caso, a política nega a si mesma, pois o que antes constituía seus elementos primordiais, neste momento passa-se caracterizar pela completa falta de sentido.

É com base Com base neste cenário pouco esperançoso para o futuro humano, que a filósofa reaviva as esperanças ao descrever o milagre político, que segundo a Arendt trata-se, não de uma definição teológica, mas sim a descrição de situações 

 concretas que podem ocorrer eventualmente na natureza, à exemplo do próprio surgimento da terra, que segundo ela “foi uma infinita improbabilidade”. Neste sentido Arendt apostas suas últimas fichas na mudança efetiva do comportamento humano, i.e., a criação de novas cadeias causais, que venham a romper por completo com a ordem mundial vigente, criando novas perspectivas de ordenamento social. 

A partir desta análise dos textos de Arendt e também daquilo que foi discutido em sala de aula, que podemos concluir que a política na contemporaneidade continua não cumprindo as funções dos princípios com que ela foi elaborada - o de criar uma atmosfera de liberdade e igualdade norteados por ações éticas de indivíduos capacitados para discutir os assuntos da vida pública - mantendo-se, ainda que, fora de modelos totalitários de governo, fiel a missão de controlar as ações individuais alargando o sentido do privado para além dos limites da vida familiar. E cientes de uma improvável mudança dos paradigmas políticos vigentes, não nos resta muitas alternativas a não ser compartilharmos da visão da autora de que só da improbabilidade dos fatos que “O milagre da liberdade está contido nesse poder-começar que, por seu lado, está contido no fato de que cada homem é em si um novo começo...”


Referência Bibliográfica

ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 10.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. 352 p. 

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo, totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 562 p.

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