Olá, alunos, tudo bem com vocês? Espero que todos estejam bem!
Esta é nossa 2ª
atividade. Ela traz um pouco do que foi desenvolvido na Sequência de atividades
2 da apostila Aprender Sempre e nas aulas de Língua Portuguesa do Centro de
Mídias de SP.
Façam a atividade no caderno de Língua Portuguesa e Literatura com letra legível;
Poderão enviá-la por e-mail ou pela sala do Google Classroom (para isso, deverão anexar imagens nítidas), ou entregá-la na escola em folha separada, identificando-a com nome, número da chamada e série/ano.
Entregar até dia 12 de abril.
Atividade 02: O Conto
Habilidades:
·
a
situação inicial, que apresenta o início da história.
·
o
conflito, situação-problema que altera a situação inicial.
·
o
clímax, que é o ponto mais alto do conflito, o momento de maior tensão na
história.
·
o
desfecho, que apresenta a situação final ou a conclusão do conflito.
Considerando o que foi estudado sobre o gênero textual conto, na Sequência de atividades 2 da apostila Aprender Sempre, leia o texto de Marina Colasanti, a seguir, e responda as questões:
Entre a espada e a rosa
De volta ao quarto, a
Princesa chorou mais lágrimas do que acreditava ter para chorar. Embotada na
cama, aos soluços, implorou ao seu corpo, a sua mente, que lhe fizesse achar
uma solução para escapar da decisão do pai. Afinal, esgotada, adormeceu.
E na noite sua mente
ordenou, e no escuro seu corpo ficou. E ao acordar de manhã, os olhos ainda
ardendo de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Com
quanto medo correu ao espelho! Com quanto espanto viu cachos ruivos
rodeando-lhe o queixo! Não podia acreditar, mas era verdade. Em seu rosto, uma
barba havia crescido.
Passou os dedos
lentamente entre os fios sedosos. E já estendia a mão procurando a tesoura,
quando afinal compreendeu. Aquela era a sua resposta. Podia vir o noivo
buscá-la. Podia vir com seus soldados, suas ovelhas e suas moedas. Mas, quando
a visse, não mais a quereria. Nem ele nem qualquer outro escolhido pelo Rei.
Salva a filha,
perdia-se porém a aliança do pai. Que tomado de horror e fúria diante da jovem
barbada, e alegando a vergonha que cairia sobre seu reino diante de tal
estranheza, ordenou-lhe abandonar o palácio imediatamente.
A Princesa fez uma
trouxa pequena com suas jóias, escolheu um vestido de veludo cor de sangue. E,
sem despedidas, atravessou a ponte levadiça, passando para o outro lado do
fosso. Atrás ficava tudo o que havia sido seu, adiante estava aquilo que não
conhecia.
Na primeira aldeia
aonde chegou, depois de muito caminhar, ofereceu-se de casa em casa para fazer
serviços de mulher. Porém ninguém quis aceitá-la porque, com aquela barba,
parecia-lhes evidente que fosse homem.
Na segunda aldeia,
esperando ter mais sorte, ofereceu-se para fazer serviços de homem. E novamente
ninguém quis aceitá-la porque, com aquele corpo, tinham certeza de que era
mulher.
Cansada, mas ainda
esperançosa, ao ver de longe as casas da terceira aldeia, a Princesa pediu uma
faca emprestada a um pastor, e raspou a barba. Porém, antes mesmo de chegar, a
barba havia crescido outra vez, mais cacheada, brilhante e rubra do que antes.
Então, sem mais nada
pedir, a Princesa vendeu suas jóias para um armeiro, em troca de uma couraça,
uma espada e um elmo. E, tirando do dedo o anel que havia sido de sua mãe,
vendeu-o para um mercador, em troca de um cavalo.
Agora, debaixo da
couraça, ninguém veria seu corpo, debaixo do elmo, ninguém veria sua barba.
Montada a cavalo, espada em punho, não seria mais homem, nem mulher. Seria
guerreiro.
E guerreiro valente
tornou-se, à medida que servia aos Senhores dos castelos e aprendia a manejar
as armas. Em breve, não havia quem a superasse nos torneios, nem a vencesse nas
batalhas. A fama da sua coragem espalhava-se por toda parte e a precedia. Já
ninguém recusava seus serviços. A couraça falava mais que o nome.
Pouco se demorava em
cada lugar. Lutava cumprindo seu trato e seu dever, batia-se com lealdade pelo
Senhor. Porém suas vitórias atraíam os olhares da corte, e cedo os murmúrios
começavam a percorrer os corredores. Quem era aquele cavaleiro, ousado e
gentil, que nunca tirava os trajes de batalha? Por que não participava das
festas, nem cantava para as damas? Quando as perguntas se faziam em voz alta,
ela sabia que era chegada a hora de partir. E ao amanhecer montava seu cavalo,
deixava o castelo, sem romper o mistério com que havia chegado.
Somente sozinha,
cavalgando no campo, ousava levantar a viseira para que o vento lhe refrescasse
o rosto acariciando os cachos rubros. Mas tornava a baixá-la, tão logo via
tremular na distância as bandeiras de algum torreão.
Assim, de castelo em
castelo, havia chegado àquele governado por um jovem Rei. E fazia algum tempo
que ali estava.
Desde o dia em que a
vira, parada diante do grande portão, cabeça erguida, oferecendo sua espada,
ele havia demonstrado preferi-la aos outros guerreiros. Era a seu lado que a
queria nas batalhas, era ela que chamava para os exércitos na sala de armas,
era ela sua companhia preferida, seu melhor conselheiro. Com o tempo, mais de
uma vez, um havia salvo a vida do outro. E parecia natural, como o fluir dos
dias, que suas vidas transcorressem juntas.
Companheiro nas lutas e
nas caçadas, inquietava-se, porém, o Rei vendo que seu amigo mais fiel jamais
tirava o elmo. E mais ainda inquietava-se, ao sentir crescer dentro de si m
sentimento novo, diferente de todos, devoção mais funda por aquele amigo do que
um homem sente por um homem. Pois não podia saber que à noite, trancado o
quarto, a princesa encostava seu escudo na parede, vestia o vestido de veludo
vermelho, soltava os cabelos, e diante do seu reflexo no metal polido,
suspirava longamente pensando nele.
Muitos dias se passaram
em que, tentando fugir do que sentia, o Rei evitava vê-la. E outros tantos em
que, percebendo que isso não a afastava de sua lembrança, mandava chamá-la,
para arrepender-se em seguida e pedia-lhe que se fosse.
Por fim, como nada
disso acalmasse seu tormento, ordenou que viesse ter com ele. E, em voz áspera,
lhe disse que há muito tempo tolerava ter a seu lado um cavaleiro de rosto
sempre encoberto. Mas que não podia mais confiar em alguém que se escondia
atrás de ferro. Tirasse o elmo, mostrasse o rosto. Ou teria cinco dias para
deixar o castelo.
Sem resposta, ou gesto,
a Princesa deixou o salão, refugiando-se no seu quarto. Nunca o Rei poderia
amá-la, com sua barba ruiva. Nem mais a quereria como guerreiro, com seu corpo
de mulher. Chorou todas as lágrimas que ainda tinha para chorar. Dobrada sobre
si mesma, aos soluços, implorou ao seu corpo que lhe desse uma solução. Afinal,
esgotada, adormeceu.
E na noite sua mente
ordenou, e no escuro seu corpo brotou. E ao acordar de manhã, com os olhos
inchados de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Não
ousou levar as mãos ao rosto. Com medo, quanto medo! Aproximou-se do escudo
polido, procurou seu reflexo. E com espanto, quanto espanto! Viu que, sim, a
barba havia desaparecido. Mas em seu lugar, rubras como os cachos, rosas lhe
rodeavam o queixo.
Naquele dia não ousou
sair do quarto, para não ser denunciada pelo perfume, tão intenso que ela
própria sentia-se embriagar de primavera. E perguntava de que adiantava ter
trocado a barba por flores, quando, olhando no escudo com atenção, pareceu-lhe
que algumas rosas perdiam o viço vermelho, fazendo-se mais escuras que o vinho.
De fato, ao amanhecer, havia pétalas no seu travesseiro.
Uma após a outra, as
rosas murcharam, despetalando-se lentamente. Sem que nenhum botão viesse
substituir as flores que se iam. Aos poucos, a rósea pele aparecia. Até que não
houve mais flor alguma. Só um delicado rosto de mulher.
Era chegado o quinto dia. A Princesa soltou os cabelos, trajou seu vestido cor de sangue. E, arrastando a cauda de veludo, desceu as escadarias que a levariam até o Rei, enquanto um perfume de rosas se espalhava no castelo.
COLASANTI, Marina. Entre a espada e a rosa. Rio de
Janeiro: Salamandra,1992.
1.
Qual
é a situação inicial da história?
2.
Qual
é o conflito, situação-problema que altera a situação inicial?
3.
O
texto é narrado em qual pessoa? Comprove com um trecho do conto.
4.
Que
mensagem o conto transmite? Comente.
5.
Como
podemos relacionar o perfil da princesa com o papel da mulher na sociedade
atual?
6.
Qual
é o desfecho da história, ou seja, situação final ou a conclusão do conflito?
7.
Como
você percebeu, o desfecho do conto lido possui um final aberto. Como você acha
que esta história deveria terminar? Elabore um final para a história lida.
Bons
Estudos! Qualquer dúvida, estou à disposição!
Prof.
Vera
veraferreiras@prof.educacao.sp.gov.br
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