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ATIVIDADES (Ensino Fundamental II)

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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Atividade de Literatura 1º A, B, C, D

 Olá, alunos! Tudo bem? Espero que todos estejam bem!

Atividade de Literatura (14 a 21 de agosto)

Vocês deverão realizar esta atividade no caderno (à mão ou impressa) e enviá-la, por e-mail ou pela sala do Google Classroom, para avaliação. 


AUTO DA BARCA DO INFERNO


No presente auto, se imagina que, no momento em que acabamos de expirar, chegamos subitamente a um rio que, por força, devemos cruzar em uma das duas barcas que naquele porto estão. Uma delas leva ao Paraíso; a outra, ao Inferno. Cada barca tem um barqueiro na proa: a do Paraíso, um anjo; a do Inferno, um diabo e seu companheiro.

O primeiro que surge é um Fidalgo, que chega com um pajem que lhe segura a longa cauda do manto e carrega uma cadeira.

E começa o barqueiro do Inferno, antes que o Fidalgo chegue.

DIABO – (ao companheiro)

              À barca, à barca! Vamos lá!

              Que é mui boa a maré!

              Puxa a vela para cá!

COMPANHEIRO - Feito! Feito!

 DIABO – Bem está!

            Vai ali e, sem demora,

            estica bem aquela corda

e libera aquele banco para a gente que virá.

À barca, à barca, uuh!

Depressa! Temos que ir!

Ah! Bom tempo de partir!

Louvores a Belzebu!

Ora, pois, que fazes tu?

Desocupa esse espaço!

 COMPANHEIRO – É pra já! Pronto, está feito!

 DIABO – Abaixa logo esse rabo!

Deixa preparado o cabo

E ajeita a corda de içar.

 COMPANHEIRO- Vamos lá! Içar, Içar!

 DIABO – Oh! Que caravela esta!

Põe bandeiras, que é festa!

(vendo um Fidalgo que se aproxima)

Oh! Poderoso dom Henrique!

Vós aqui? Que coisa é esta?

Vem o FIDALGO acompanhado de um rapaz com uma cadeira. Chegando á barca do Inferno, diz:

FIDALGO- Esta barca, que sai agora,

Aonde vai tão preparada?

 DIABO- Vai para a ilha danada

E há de partir sem demora.

 FIDALGO- Para lá vai a... senhora?

 DIABO- (corrigindo irritado)

Senhor!... A vosso serviço

 FIDALGO- Isso parece um cortiço.

 DIABO- Porque olhais lá de fora.

 FIDALGO- A que terra passais vós?

 DIABO- Para o inferno, senhor.

 FIDALGO- (irônico)

Hum! Terra bem sem sabor!

 FIDALGO- E passageiros achais

Para tal embarcação?

 DIABO- Oras pois, tu és a cara

Dessa embarcação!

 FIDALGO- Parece-te mesmo assim?

 DIABO- Onde esperas salvação?

 FIDALGO- Eu deixo na outra vida

Quem reze sempre por mim.

 DIABO- Quem reze sempre por ti?

Hi,hi,hi,hi,hi,hi,hi.

Tu viveste a teu prazer

Pensando aqui ter perdão

Por que lá rezam por ti?

Embarca já!

 FIDALGO – (apavorado)

Quê?! É assim que a coisa vai?

 DIABO – (impaciente)

Embarcai! Embarcai logo!

Segundo o que lá plantastes

Agora aqui recebereis.

E como a morte já passastes,

Passei agora este rio.

 FIDALGO – Não há aqui outro navio?

 DIABO – Não, senhor, que este reservaste,

Pois tão logo morrestes....

Tínheis me dado o sinal.

 FIDALGO – (confuso, sem compreender nada)

Sinal? Qual foi o sinal?

 DIABO – A boa vida que levastes!

 FIDALGO – (dirigindo-se à barca do Paraíso)

A esta outra barca me vou.

(gritando para o Anjo que está na barca)

Olá! Para onde partis?

(o Anjo não responde)

Ó barqueiro, não me ouvis?!

Respondei-me! Olá! Hou!...

Por Deus, mal arranjado estou...

Mas isto agora é pior...

Que bestas!... Não me entendem...

 ANJO – (aproximando-se)

Que mandais?

 FIDALGO – Diga se a barca do paraíso

É esta em que navegais?

 ANJO – É esta. Que desejais?

 FIDALGO – Que me deixeis embarcar.

Sou de família nobre

E é bom que me recolhas nesta tua barca.

 ANJO _ Não se embarca tirania

nesta barca divinal.

Para vossa fantasia

bem pequena é esta barca!

 FIDALGO – Para um senhor com minha marca

não há aqui mais cortesia?

(arrogante)

Entrarei nem que seja na marra,

levai-me ao paraíso!

 ANJO – (com firmeza e autoridade)

Não vindes vós de maneira

para entrar neste navio.

(apontando para a barca do Inferno)

Esse outro vai mais vazio.

A cadeira entrará (apontando para o Fidalgo)

e o rabo caberá...

E todo o vosso senhorio.

Ireis lá mais espaçoso,

Sois um tirano

Desprezastes os pequenos,

agora sereis tanto menos

quanto mais fostes pretensioso.

 DIABO – À barca, á barca, senhores! (Arrastando o Fidalgo)

Oh! Que maré tão jeitosa!

Uma brisa bem gostosa

e valentes remadores!

(cantarolando)

Virão todos às minhas mãos,

Às minhas mãos todos virão.

 FIDALGO – (tristemente conformado)

Ao inferno!

Ó triste!

Enquanto vivi

não pensei que ele existia,

pensei que era fantasia.

Gostava de ser adorado,

e não vi que me perdia. (se aproxima da barca desanimado e chorando, mas não entra)

(humildemente pede ao diabo)

 FIDALGO – Dá-me licença, te peço,

para ir ver minha mulher?

 DIABO – (rindo)  Ela, pra não te ver,

se jogará de cabeça

no fundo de um precipício... (gargalhando)

Ainda hoje ela rezou,

dando graças infinitas,

pois de ti se libertou.

 (impaciente)

Entrai, meu senhor, entrai!

(ao companheiro do diabo)

Arrume a ponte

Para o precioso passar!

(ao fidalgo)

Coloque o pé!

 FIDALGO – (entrando na barca, demonstrando tristeza) Entrarei, pois assim é que é...

 DIABO – Ora, agora descansai,

enquanto chega mais gente.

 FIDALGO – (gritando) Ó barca, como és ardente,

maldito quem aqui vai!

 DIABO – (ao rapaz, pajem do Fidalgo, com a cadeira)

Tu não entras! Sai daqui!

Que essa cadeira é demais.

Coisa que esteve na igreja

não se há de embarcar aqui

(apontando o Fidalgo)

Ele uma outra terá,

uma outra de marfim,

toda enfeitada de dores,

com tantos e tais primores

que estará fora de si…

VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. São Paulo. Obra adaptada Ed.Moderna


  1. Qual o significado da palavra fidalgo?
  1. Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno?
  1. Enquanto pede informação sobre o destino da barca, o Fidalgo comete um pequeno descuido de tratamento em relação ao Diabo.

a)    De que se trata?

b)    Essa atitude pode revelar alguma característica da personagem ou não passa de um momento bem-humorado?

  1. Qual o motivo que o Fidalgo apresenta para ser aceito na barca do Paraíso?
  1. Qual a razão do Anjo para recusar a entrada ao Fidalgo? Aponte alguns comportamentos do Fidalgo que justifiquem a restrição feita pelo Anjo.
  1. Mencione uma ironia do Diabo no diálogo com o Fidalgo.
  1. Qual o motivo de o Diabo não permitir que o Fidalgo leve a sua cadeira na Barca do Inferno? Que pode representar a cadeira em relação à vida do Fidalgo?
  1. Como, afinal, é concluído o episódio do Fidalgo?

  1. Faça uma pesquisa sobre o gênero textual teatral ou dramático. Depois, cite três características, desse gênero, presentes no Auto da Barca do Inferno.

Bons Estudos! Cuidem-se! 



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